Em determinado momento da história Benjamin Franklin disse que apenas duas coisas são certas na vida: a morte e os impostos. Já falei aqui o que penso da nossa carga tributária escandinava trocada por serviços africanos. Dei o exemplo da BR-163 e tudo ficou por isso mesmo. Confesso, sendo bem honesto ao fazê-lo – bem honesto mesmo -, que não esperava nada além disso. O Brasil é um daqueles países que não podem ser mudados com palavras. Um texto normalmente não passa disso, de palavras, e não importa muito quem as escreva, onde elas são publicadas ou quem quer que seja que as leia – continuam sendo apenas palavras. No fundo, é só uma forma arcaica de colocar a indignação para fora antes que ela contamine os intestinos.
Fazendo uma rápida reflexão para ser mais claro, diria que a máquina pública, tal qual a conhecemos, faz girar a política, a economia e todo o resto menos importante. É isso que estamos acostumados a ver. Dê uma olhada em volta e perceba legisladores legislando, jornalistas informando, médicos diagnosticando, taxistas dirigindo, empreendedores empreendendo, lixeiros limpando e todos eles entregando a maioria do que ganham para um Governo paternalista. Algum ou outro não gosta, acha muito, protesta, sonega e é repreendido. Mas no fim das contas todos acabam pagando.
O Brasil é um país incrivelmente curioso, não tem guerras, pelo menos, não da forma como as conhecemos.
Também não faltam empregos e muito menos oportunidades, desde que você saiba onde encontrá-las. A qualidade de tudo o que nos é oferecido é bastante meia-boca, ofertado a quem acostumou-se com o complexo de vira-lata. Os mais exigentes pagam mais para se sentirem especiais na pirâmide social. Deslumbram-se com o falso privilégio de um camarote, de uma sala VIP, de um mínimo que seja de exclusividade. Na real, estão todos na mesmo terceiro mundo imundo. Dirigir um carro de câmbio automático parcelado em 60 meses é uma forma desesperada de buscar algum conforto na caverna.
Os mais desafortunados também vão levando do seu jeito. Para essa gente sobra a praia, o carnaval, futebol, “distribuição de renda”. Existe um prumo onde todos acabam seguindo e não há muito espaço para revoluções. É só mais um utopia enraizada em nossa falsa democracia. Ilusão inútil pensar que toda essa engrenagem pode ser mudada. Não pode. Palavras só têm uma função, e ela é meramente patológica. Pense em algo melhor.