22.06.13

1/5 DE REAL \ Que tal você mudar primeiro?

Meu nome é Thiago, tenho vinte e nove anos e moro numa pequena cidade do Mato Grosso do Sul (não me importo se você chamá-lo apenas de Mato Grosso). Sou assíduo frequentador e, obviamente, leitor, deste blog, porém neste momento gostaria de prestar minha humilde contribuição.

Como disse, moro numa cidade pequena do Centro-Oeste e, mesmo de longe, tenho acompanhado com certo entusiasmo a Revolução dos Vinte Centavos.

É impossível não associar os movimentos populares atuais com aqueles ocorridos há vinte e um anos. Lembro-me que, aos nove anos, meu pai me levou a uma grande passeata organizada por aquela que considero a verdadeira “geração coca-cola”. Havia bonecos gigantes, jovens com rostos e roupas coloridas e um forte coro pela saída do Presidente da República, o que, de fato, ocorreu. Algo que só fiquei sabendo alguns anos depois, nos livros de história, mesma ferramenta que espero ver utilizada por meu pequeno Davi, que ainda está no ventre da mãe, daqui a doze ou treze anos, para descobrir sobre o que acontece neste momento.

Déjà vu

Sobre os dias de hoje, de fato o preço do transporte público é elevado em relação à contrapartida oferecida e os serviços públicos básicos não atendem com dignidade aos anseios do povo brasileiro. Isso até o pequeno Davi já sabe, e olha que ele nem deu as caras por aqui ainda!

Ouso discordar, no entanto, sobre a opinião de muitos quanto à Copa do Mundo. As verbas públicas aplicadas em obras por ela exigidas não foram retiradas do orçamento previsto para os serviços básicos. Além disso, o desenvolvimento econômico do país, que é muito beneficiado por eventos grandiosos como esse, é igualmente importante, haja vista que o crescimento de outros setores, inclusive o de serviços básicos, é diretamente dependente desse crescimento.

Somos unânimes, entretanto, no que se refere ao grande problema: a corrupção. Esse é o grande mal a ser enfrentado. Penso que seu enfrentamento começa nas ruas, como tem sido feito, mas se efetiva no primeiro e no último domingo do mês de outubro dos anos pares.

Sinto-lhes informar, caros compatriotas, mas quem tirou o dinheiro do hospital da sua cidade não foi o Blatter, o Ronaldo, o Pelé, muito menos eu.

Quem meteu a mão no teu bolso, bateu na tua cara e te fez procurar um médico particular foram os infelizes que, nós mesmos, escolhemos para nos representar.

O que quero dizer, com todo o respeito, é que embora a conduta dos brasileiros nos últimos dias seja digna de aplauso, afinal, toda grande mudança começou com movimentos associativos e/ou populares, ela deve ser vista apenas como o início ou uma esperança, afinal há um longo caminho a percorrer e a mudança deve começar, primeiramente, em nós mesmos.

O que pretendo, realmente, com o presente texto, é provocar sua reflexão. Leia atentamente o pequeno diálogo abaixo e tente identificar-se nele. Reflita se não é o momento de começar a mudar. Se você não se identificar abaixo, parabéns, tenho orgulho de você!

Li muito no dia de hoje sobre como os outros países estão vendo o nosso modo de tentar reorganizar as coisas. Por coincidência, hoje também chegou ao Brasil o inglês John Smith, que nos visita para assistir às finais da Copa das Confederações.

John chegou ao Rio de Janeiro no final da tarde, Aeroporto do Galeão. Ao sair do saguão presenciou, de cara, a briga de dois taxistas. Assustado, pediu para ir à Copacabana. No meio do caminho, trânsito parado, resolveu ir andando. Começou a andar e logo avistou uma grande massa. Havia muitas bandeiras do Brasil, sua conclusão foi óbvia.

– Boa tarde, amigo. Perdoe-me pelo português ruim. Quanto ficou o jogo do Brasil?

– Que jogo, gringo? Tá louco? Aqui não tem nada de futebol não. Aliás, nós somos contra a Copa do Mundo no Brasil.

– Perdão. Se não houve jogo, por que a aglomeração?

– É que o gigante acordou?

– Desculpe-me, senhor, mas não entendi.

– É o seguinte, gringo. É um movimento por mudança.

– Mas é um movimento de direita ou esquerda?

– Como assim, gringo, tá louco? Eu já disse que não tem nada a ver com futebol.

– Sim, eu entendi. Mas quero saber que tipo de movimento político é esse.

– Que política, parceiro!? Aqui é tudo sem partido. Nós queremos a redução do valor das passagens do transporte coletivo, melhorias na saúde, na educação e na segurança pública. E, principalmente, o fim da corrupção, porque “esses político” aí, parceiro, são tudo vagabundo, sem vergonha e não me representam.

– E quem vos representa?

– Como assim?

– Sei lá. Em quem você votou na última eleição.

– Eu nunca votei não. Na última eleição eu tinha só 17 anos, não era obrigado a votar.

– Puxa. Mas você podia votar e não votou. Por quê?

– Porque eu não tenho saco para essas coisas não, parceiro. Detesto política!

– Mas por que você está aqui, então?

– Isso aqui não tem nada a ver com política, eu já disse. É um movimento apartidário. To aqui porque amo meu país, sacô!? To aqui porque o gigante não está mais deitado em berço esplêndido.

– Ok. Não entendi muito bem. Você me parece meio incoerente, mas deixa pra lá. Deve ser por causa do idioma. Só por curiosidade, o que está escrito no seu cartaz?

– Fora Feliciano!

– Ah sim, ok. Deixa pra lá, melhor eu nem tentar entender isso. Até logo, amigo. Boa sorte.

One Response to Que tal você mudar primeiro?


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