Posso afirmar com rara convicção que não sou especialista em absolutamente nada nesta vida, especialmente na vida propriamente dita. Mas sei que gosto de degustar uma boa cerveja de vez em quando. Não estou me referindo apenas às populares Pilsens que saboreamos em churrascos, partidas de futebol, casamentos, formaturas, velórios (?) ou qualquer outro evento social que peça uma birita para acompanhar os protocolos. Estou me referindo às cervejas mais nobres, os tais ‘rótulos especiais’. Como pode perceber, não sou nada besta, apesar da cara e do jeito de andar.
Digo isso porque quero inaugurar aqui, no verbo ‘Degustar’ do 4 Verbos, uma espécie de seção que batizei de ‘Cervejas que amamos’ (não ando muito inspirado para batizar seções). A ideia é pingar por aqui, sempre que as circunstâncias permitirem (como diria um popular líder político durante a Revolução Francesa), uma dica de cerveja especial para servir de sugestão aos amigos que visitam a casa (este parágrafo está ficando enrolado com todos esses parênteses, melhor finalizá-lo por aqui e começar um novo).
Mas, torno a lembrar, não sou especialista em bulhufas de nada, não espere ler aqui que a cerveja tal é melhor porque sua produção é feita em toneis de carvalho em regiões com temperatura entre 14,67º e 15,76º. Pelo menos comigo a coisa será bem menos criteriosa. Nem em 1 milhão de anos eu saberia diferenciar um sabor médio levemente frutado de algo tostado com um final caramelo tendendo para o amargo. Se busca por isso sugiro que dirija-se ao Clube do Malte ou Mr. Beer – verdadeiras enciclopédias da cerveja.
E é com essa introdução mequetrefe que eu declaro aberta a nova categoria. Sinta-se a vontade para escrever nela sempre que encontrar uma boa pedida por aí. E para começar direito, escolhi a Wells Bombardier, uma cerveja inglesa supimpa de boa. Não errei na escolha do primeiro rótulo, a cerveja com nome de fabricante de aviões vem da região de Bedford, Inglaterra. A história da cervejaria é, até certo ponto, curiosa.
Seu fundador, um tal te Charlles Wells, era um jovem marinheiro mercante no final do século 19. Não sei direito o que fazia um marinheiro mercante por aqueles lados da Europa, mas parece que não era algo bem visto pela sociedade patriarcal dominante. Tanto é que após se engraçar com uma moçoila britânia, o nosso querido Charles ouviu de seu futuro sogro a seguinte condição: ou larga a vida em alto-mar ou nada de casamento. Por sorte, Charles abandonou a vida nômade, comprou uma cervejaria e se casou com a inglesinha. Foi o início de uma das mais tradicionais e emblemáticas cervejarias do país da rainha.
Passados mais de 130 anos e a empresa de Charles, hoje conhecida como Wells & Young, oferta à seus fregueses a Wells Bombardier. Seu preço, nada amigável, varia entre 18,50 e 26,50 reais por uma garrafa de 500ml – mas garanto que vale cada centavo. O ideal é que seja servida em um copo tipo Pint (farei um post especial sobre todos os tipos de copo). Para quem quer se embrenhar neste universo das cervejas nobres, a Wells Bomardier é um excelente ponto de partida. Palavra de quem não entende nada de coisa alguma.
É isso, avisei para não esperarem muito. Semana que vem eu volto.
Quem entende diz que:
SEU AROMA E SABOR SÃO BEM EQUILIBRADOS, levemente frutada e com o amargor característico dos lúpulos ingleses.