Um dos melhores comerciais da história da publicidade mundial é brasileiro. Em 1987 Washington Olivetto fez uma verdadeira obra de arte para “vender” a credibilidade da Folha de São Paulo. Foi brilhante! O filme estupendamente simples tinha a face reticulada de um dos mais sanguinários e poderosos ditadores da história: Adolf Hitler. Na locução em off, nada de relembrar o número de pessoas mortas em um barbárie sem precedentes na história da humanidade. Em vez disso, apenas números positivos que Hitler conseguiu para economia e autoestima do povo alemão diante da iminente ameaça comunista. Como disse, uma obra de arte.
A minha vida inteira eu ouvi e li sempre as mesmas histórias sobre Adolf Hitler. Monstro, pervertido, fascista, animal político, um assassino responsável pela morte de 6 milhões de judeus. Sempre me impressionei com o que aconteceu com o mundo na metade do século passado. Ninguém pode exterminar 6 milhões de pessoas, nem mesmo Rambo em ‘Programado para Matar’. Como é que alguém com aquele bigode ridículo poderia fazê-lo?
Todas aquelas mortes registradas no Holocausto nazista só aconteceram porque pessoas aderiram incondicionalmente aos ideais de Hitler. Ainda assim, como ele conseguiu isso? Como persuadir uma nação inteira bradando sobre uma quase esquizofrênica contaminação racial? Sempre me perguntei o que este homem fez para construir e desenvolver a propaganda nazista de tal forma que pudesse levar a cabo a “sua luta”. Como um nacionalista fanático conseguiu tanto poder, tanto engajamento político e manchou de sangue a história do seu povo?
Não é tão simples de entender, nem estudando mais a fundo a origem da II Guerra Mundial. Em algum momento é preciso pensar como o próprio Führer, por mais estranho que isso possa parecer. Ao que tudo indica, a caixa de pandora foi aberta em 1918, quando um jovem Adolf Hitler ouviu uma voz dentro de si, uma voz que dizia que ele tinha a missão de restaurar a dignidade dos alemães após a derrota para os franceses. Veio a humilhação do Tratado de Versalhes e então tudo se desencadeou sistematicamente.
Mas só entendi a ordem correta das coisas quando assisti à um detalhadíssimo documentário exibido pelo National Geographic. Nele, boa parte das minhas dúvidas foi completamente saciada. Com imagens raras daquela época, ‘Apocalipse nazista: de Adolf a Hitler’ e ‘Apocalipse nazista: a ascensão de Hitler’ narram a escalada política do mais relevante e controverso personagem da história da Alemanha.

Não somos o ‘filho do meio’ da história.
Hitler queria ser artista, pintar quadros e ir à ópera. Em vez disso, sucumbiu a um instinto que o levou até onde as circunstâncias permitiram: a sua imensa habilidade de manipular multidões com inflamados discursos pseudo-sociais.
Sem a grande depressão, sem a crise de 1929, sem a desintegração dos burgueses, dos liberais e dos conservadores, Hitler continuaria sendo apenas um maluco excluído da política.
O estrategista Hitler conseguiu o Reich único e unificado que tanto sonhava, jogou o baralho político como poucos, se tornou um líder supremo incontestável e terminou junto com a II Guerra Mundial. Nos dois vídeos abaixo todas as imagens são reais, apenas foram colorizadas para dar aos telespectadores ainda mais realismo aos acontecimentos. A narração tem o tom apropriado para o momento conturbado que o mundo vivia. Assista, vale cada segundo. Se você não gostar, pelo menos vai entender porque não tivemos Copa do Mundo em 1942 e 1946.
1/2 – A ameaça: de Adolf a Hitler
2/2 – O Führer