Futebol bailarino \ Neymar foi pau no cu

O futebol possui um livreto muito bem diagramado, revisado e com capítulos estrategicamente divididos. Lá encontram-se as chamadas Regras do Jogo. São 17. Regras claras que vão desde o número mínimo de jogadores em campo até os mais complexos gráficos de como explicar uma de impedimento para a namorada.

Não é um manual de uso. Muito menos um guia de prática. Mas sim, uma divisão de termos que devem ser interpretadas pelos seus praticantes. Entre essa necessidade interpretativa, encontra-se nas entrelinhas um fator que muitas vezes passa despercebido entre seus derivados, os jogadores: o bom senso.

Ao Neymar, quase sempre, falta bom senso.

Neymar foi baixo. Foi mau caráter. Foi mesquinho. Ele não deu opções para o nove do Botafogo. Sabe por que? Porque independente da decisão que tomasse, o nove sairia como vilão.

Neymar: pau no cu

Quero falar especificamente de um lance. Aquele que envolveu o zagueiro do Botafogo de Ribeirão Preto na vitória do Santos de 2×0 pelo Campeonato Paulista.

O nove do Botafogo se aproxima para tirar a bola. Neymar gira o corpo e para o pé sobre a bola. O nove não se move. Põe as mãos na cintura. Neymar aguarda uma reação para o drible. O nove continua parado.

Ah, foi arte.

Ah, Neymar fez a parte dele.

Ah, foi provocação pra tirar o jogador do campo.

Não. Não foi nada disso. Não foi porra nenhuma disso.

Neymar foi baixo. Foi mau caráter. Foi mesquinho. Ele não deu opções para o nove do Botafogo. Sabe por que? Porque independente da decisão que tomasse, o nove sairia como vilão.

Afinal, o nove sabe que Neymar é melhor. E o próprio Neymar sabe que o nove é inferior. Dar o bote no atacante resultaria num drible digno de vinheta de programa esportivo. A outra opção seria a agressão. Mas quem seria louco e dar uma paulada no brasileiro mais valioso da atualidade faltando pouco mais de 1 ano para a Copa do Mundo? Nem mesmo um nove do Botafogo de Ribeirão Preto.

O nove não possuía uma alternativa que, no dia seguinte, ele não fosse sumariamente humilhado pela mídia por causa desse lance. Seja pela drible, seja pela agressão ou simplesmente por ficar parado.

E sabe o que é pior? É que Neymar sabia disso.

Sabia sim. Por isso fez. Não tocou a bola de lado pra ganhar tempo. Preferiu chutar morto.

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E sabe o que mais assusta? É que a essência do esporte destaca o respeito entre seus praticantes. Por meio dele, é possível entender a relação do praticante com a vida social. É exatamente o que falta a Neymar na eterna comparação com Messi: o bom senso. Um melhor jogador do mundo não é escolhido só pela efetividade. Mas também pela postura.

Acreditem. Antes de ser campeão é preciso aprender a vencer.