28.06.13

CINEMA \ Man of Steel

Vou começar fazendo uma afirmação polêmica: Man of Steel é a melhor apresentação audiovisual do personagem já feita. Sim, pode incluir os filmes do Richard Donner, as animações mais recentes, Superamigos, o que quiser. Não é tudo melhor, mas o resultado final sim. Eu me arriscaria a dizer que é a melhor representação já feita, independente da mídia, mas não li revistas em quadrinhos suficientes para isso. O intuito inicial da parte criativa da produção – a saber, Zack Snyder, David Goyer e Christopher Nolan – foi integralmente alcançado. Eles contam uma história do kryptoniano bastante compatível com os dias atuais. É crível em um ponto que chega a ser desconfortável – levando-se em consideração, claro, que estamos falando de um extra-terrestre perfeitamente humanoide com poderes especiais. E é justamente a soma de tudo isso que irritou profundamente os fanboys e puristas mundo afora. Este não é o Homem de Aço que você conhece.

Para tornar a história mais crível, o trio abandonou praticamente tudo da origem clássica do personagem. E, fazendo uma análise absolutamente neutra, já era tempo. A inocência que permitiu que a história original pudesse ser idealizada já não existe há tempos. E é verdade que a falta de alguns elementos é percebida em alguns momentos, mas a base é tão bem construída que logo esquecemos. Por que é algo com que podemos nos relacionar. “Ah, mas isso tira todo o aspecto de fuga da realidade que os quadrinhos proporcionam”, diria o purista. Tem certeza? Continua sendo uma imensa fuga, apenas construída sobre a realidade. Mas chega de filosofia.

O kryptoniano – cujo apelido evitarei o mesmo tanto que o filme evita – não é mais o personagem orgulhoso dos seus poderes, que se exibe enquanto criança e adolescente, e que troca de roupa em nada discretas cabines telefônicas com paredes de vidro. Clark Kent/Kal-El é consciencioso do seu poder, e do impacto que seguirá quando o mundo descobrir. Ele é fruto da infância problemática – e totalmente realista – da qual não posso falar mais sem clamar Spoiler Alert. Henry Cavill faz um belo trabalho em sua retratação, mas é preciso reconhecer que Christopher Reeve era melhor ator, e seria curioso ver o que ele faria com tal material, visto que ele domina totalmente uma dualidade que inexiste em Man of Steel – falei disso no extinto Parada Crítica aqui. Essas mudanças profundas, que mexem no próprio ethos do personagem, seja talvez o que mais estranha os fãs dos quadrinhos e dos filmes de Richard Donner. Uma cena particular no final do filme causa um silêncio completo na sala lotada. Mas é uma parte perfeita do herói que ele precisa se tornar.

Man of Steel não é o melhor filme de super-herói ja feito. Mas é grandioso, épico e intenso como nenhum Superman foi antes.

O filme é lindo. Infinitamente mais bonito que os de Richard Donner, e isso explica-se simplesmente por uma tecnologia muito mais avançada, e um orçamento substancialmente maior. As cenas de luta são impressionantes, tudo aquilo que seria impossível um punhado de anos atrás. As atuações são bem divididas entre o bom e o muito bom. A Lois Lane de Amy Adams salta alguns níveis acima da de Margot Kidder, mas confesso que gostei da atuação de Kate Bosworth no Superman Returns. As grandes diferenças ficam por conta de Kevin Costner, que tem a melhor atuação, seguido de perto por Diane Lane, com um terceiro lugar a média distância para Michael Shannon. Comparar a atuação de Shannon com a de Terence Stamp é como comparar bananas e bicicletas. O personagem é a grande diferença, e o novo Zod tem a fúria que se esperaria de um general destronado e exilado pelo povo que queria salvar. E o Jor-El bastante participativo – talvez demais – é talvez a personalidade melhor preservada de versões anteriores, e Russel Crowe dá a ele uma bela voz.

Man of Steel não é o melhor filme de super-herói ja feito. Mas é grandioso, épico e intenso como nenhum Superman foi antes. Infelizmente, a DC/Warner não criou aqui um universo que pode agregar outros heróis e levar a uma Liga da Justiça, apesar de algumas migalhas espalhadas para os bastante atentos. Não tem cena extra no final dos créditos, mas há, claro, o gancho para a incontornável continuação. Merece seu ingresso e, especialmente, sua mente aberta para aceitar mudanças bem-vindas.

2 Responses to Man of Steel


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