No papel é um timaço.
Assim se resumem os meses de dezembro e metade de janeiro em parte do jornalismo esportivo: projeções. Na maioria, devaneios infundados repletos de ilusões que podem partir de um singelo comentário para a mais alta crise entre time e torcida.
Reflexo da velha ânsia pelo furo da mídia e da complicação dos profissionais ao dividir o social com o profissional – ou ao não dividir. Pois, no jornalismo esportivo, ficou menos feio dar três barrigadas do que tomar um furo.
Vieram as metralhadoras.
A matemática é simples. Soma-se a angústia do torcedor que teve um ano pobre de títulos, craques e ídolos com a necessidade de fazer notícia. É dezembro. O futebol entre recesso, mas o jornal não para. Surgem formatos de declarações que poluem e desconcertam tudo o que a teoria pode ensinar – ou, pelo menos, o mais alto dos pilares – o “compromisso com a informação”. É básico. Não se pode cravar uma informação sem a convicção de sua relevância para o leitor e, principalmente, veracidade.
Um dos grandes problemas da velha mídia se repete em 2013: considerar a declaração nas mídias sociais algo equivalente a uma pérola entre amigos na mesa do bar.
Quando um jornalista faz um comentário que envolve terceiros ou clubes envolvidos, ele põe em cheque o seu profissionalismo e a credibilidade do veículo o qual trabalho. Por exemplo: o Mauro Cezar Pereira (um dos poucos sensatos) que solta os cachorros no Twitter é o mesmo Mauro Cezar Pereira que comenta as notícias no Bate Bola da ESPN Brasil. Ter uma arroba antes do nome não transforma-o num avatar de Second Life. Mas sim, naturalmente numa extensão da vida offline.
Portanto, quando um jornalista tuita, ele está oficialmente publicando. Ele é um homem da imprensa, um interlocutor da notícia. É preciso, sim, ter esse discernimento a partir do momento que a camisa de um veículo é vestida. Pois se for para falar bobagem de maneira informal, o que for tratado na bancada não terá a mesma relevância ou confiança para o receptor da mensagem. Será tudo, eu disse tudo, motivo de desconfiança e levado – se levado – pouco a sério.
É assim que surgem as picuinhas. Desde o jogador que ficou sabendo de uma ilusória dispensa do técnico, passando pelo dirigente que precisa desmentir contratações absurdas até – e talvez a mais prejudicial para o planejamento dos clubes – a decepção dos torcedores. Pois nada é pior para o torcedor que ir ao aeroporto receber o Riquelme e dar de cara com o artilheiro da série C o ano anterior.
Informações e jornalismo é com qualquer produto. É preciso pesquisar, ouvir a sugestão dos mais experientes, desconfiar, saber escolher e, enfim, consumir.
Resumindo: dá pra pedir, mas não esperar bom senso dos jornalistas. O obrigatório é o torcedor saber em quem confiar. E prestigiar.