Lembro-me claramente da vez em que fui corrigido por um professor durante uma reportagem: eu escrevi “para eu entrevistar os convidados” e ele apontou a diferença entre usar o infinitivo impessoal e o infinitivo pessoal. Na minha jornada como jornalista, aprendi que essas sutilezas gramaticais não são apenas detalhes — elas influenciam a clareza, o tom e até a credibilidade de um texto. Depois de muitos textos revisados e conversas com gramáticos, vi na prática como escolher entre infinitivo pessoal e impessoal pode salvar uma frase de ambiguidade.
Neste artigo você vai aprender, de forma prática e direta: o que é o infinitivo, as diferenças entre infinitivo impessoal e pessoal, quando usar cada um, erros comuns e dicas para identificar a forma correta no seu texto. Tudo explicado com exemplos reais e fontes confiáveis.
O que é o infinitivo?
O infinitivo é a forma básica do verbo, aquela que aparece no dicionário: falar, comer, partir. Em gramática, o infinitivo representa a ação sem marcar tempo ou pessoa.
Em português, o infinitivo tem duas manifestações principais: o infinitivo impessoal (invariável) e o infinitivo pessoal (flexionado).
Infinitivo impessoal x infinitivo pessoal
Infinitivo impessoal
É a forma que não se flexiona. Serve para indicar a ação de maneira geral, sem especificar quem a pratica.
- Exemplo: “É importante estudar antes da prova.”
- Uso comum após preposições: “antes de sair”, “sem comer”, “para viajar”.
Infinitivo pessoal
É uma forma que admite desinências para indicar pessoa e número (tu, nós, eles etc.). Mostra quem realiza a ação.
- Exemplo: “É importante nós estudarmos antes da prova.”
- Formas: cantar (impessoal), tu cantares, nós cantarmos, vós cantardes, eles cantarem.
Quando usar cada um: regras práticas
Quer saber quando escolher uma ou outra sem ter que consultar o manual toda hora? Use estas regras simples.
- Se a ação não precisa de sujeito expresso, prefira o infinitivo impessoal. Ex.: “Antes de viajar, confirme as passagens.”
- Se for importante indicar um sujeito diferente do sujeito da oração principal, use o infinitivo pessoal. Ex.: “Convém eu explicar a situação antes de sairmos.”
- Depois de preposições como “para”, “sem”, “antes de”, o infinitivo impessoal é frequente, mas o pessoal é usado quando há sujeito específico. Compare: “Para viajar, é preciso economizar.” x “Para eu viajar com tranquilidade, preciso economizar.”
- Alguns verbos regem construções com infinitivo pessoal para manter a concordância de sentido: “Mandaram as crianças ficarem quietas” (sujeito plural subentendido).
Dicas práticas para identificar a forma correta
Use este teste rápido: substitua o infinitivo por uma oração com “que” e veja se precisa do subjuntivo.
- Teste 1: Pode haver sujeito diferente? Se sim, pense no infinitivo pessoal. Ex.: “É necessário (que) eu vá” → “É necessário eu ir.”
- Teste 2: É possível eliminar o sujeito sem perda de sentido? Se sim, prefira o impessoal. Ex.: “Antes de sair, lave as mãos.”
- Teste 3: Se a frase soa estranha com “para mim” vs “para eu”, prefira a construção com sujeito no infinitivo pessoal quando quiser ênfase na ação do sujeito: “Para eu terminar, preciso de silêncio.”
Erros comuns e como corrigi-los
Alguns deslizes são frequentes entre falantes e escreventes. Veja os mais comuns e a correção sugerida.
- Erro: “Para mim estudar é difícil.” Correção: “Para eu estudar é difícil.” Ou melhor: “Estudar é difícil para mim.”
- Erro: concordância equivocada quando o sujeito do infinitivo é claro: “Ela pediu eu ficar.” Correção: “Ela pediu que eu ficasse.” ou “Ela pediu que eu ficasse” (subjuntivo) / “Ela pediu para eu ficar” (infinitivo pessoal).
- Erro na colocação com preposições: “Antes eu sair…” Correção: “Antes de eu sair…” ou “Antes de sair…” dependendo do contexto.
Exemplos práticos (jornalísticos e cotidianos)
- Reportagem: “Para entrevistarmos a fonte, precisamos de autorização.” (infinitivo pessoal — sujeito “nós”)
- Orientação: “Antes de publicar, revise o texto.” (impessoal — instrução geral)
- Conversa: “Eles disseram esperar até nós chegarmos.” (infinitivo pessoal — sujeito plural “nós”)
Exercício rápido
Transforme estas frases e perceba a diferença:
- “É importante (eu/estudar) todos os dias.” — responda: “É importante eu estudar todos os dias.” ou “É importante estudar todos os dias.”
- “Mandaram (os alunos/ficar) na sala.” — responda: “Mandaram os alunos ficarem na sala.”
Quer que eu corrija suas frases? Cole algumas nos comentários abaixo.
Por que entender o infinitivo importa?
Escolher corretamente entre infinitivo impessoal e pessoal evita ambiguidade, melhora a fluidez do texto e transmite autoridade ao leitor.
Como jornalista, usar a forma adequada aumenta a credibilidade; como redator, evita revisões desnecessárias; como estudante, demonstra domínio da norma culta.
FAQ rápido
O infinitivo pessoal é obrigatório? Não. Ele é necessário quando você precisa explicitar ou concordar o sujeito da ação. Caso contrário, o impessoal é suficiente.
Posso usar “para mim” em vez de “para eu”? Em linguagem coloquial, muitos usam “para mim”, mas a forma normativa e clara quando o sujeito é necessário é “para eu” (infinitivo pessoal).
Português tem infinitivo pessoal em todas as variantes? Sim, o infinitivo pessoal é uma característica do português europeu e brasileiro; entretanto, o uso e a frequência podem variar regionalmente.
Conclusão
Resumindo: o infinitivo é a forma básica do verbo e aparece em duas maneiras — impessoal (invariável) e pessoal (flexionada). Use o impessoal quando não houver sujeito expresso; use o pessoal quando for preciso deixar claro quem realiza a ação. Aplicar essas regras torna seu texto mais claro e profissional.
E você, qual foi sua maior dificuldade com o infinitivo? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!
Fonte consultada: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa — https://dicionario.priberam.org/infinitivo (consulta para definições e exemplos). Também consultei explicações do Ciberdúvidas sobre o infinitivo pessoal: https://ciberdúvidas.iscte-iul.pt/