Introdução
Lembro-me claramente da vez em que, aos 16 anos, decidi escrever uma carta inteira em português formal e travava em cada verbo: “ser? fui? era?” — e acabei substituindo ações simples por periphrases para não errar a conjugação. Na minha jornada ensinando e aprendo línguas, aprendi que dominar os fundamentos (como os verbos regulares) transforma a escrita e a fala: dá confiança e elimina hesitação.
Neste artigo você vai aprender, de forma prática e direta, o que são os verbos regulares, como identificá-los, como conjugá‑los nos tempos mais usados, erros comuns a evitar e exercícios práticos para fixar. Tudo com exemplos reais e dicas que eu usei com meus alunos.
O que são verbos regulares?
Verbos regulares são aqueles que mantêm a raiz intacta ao serem conjugados e seguem um padrão previsível de desinências conforme a terminação do infinitivo: -ar, -er ou -ir.
Exemplos óbvios: falar (terminação -ar), comer (-er), partir (-ir). Para conjugar, basta retirar a desinência do infinitivo (falar → fal-, comer → com-, partir → part-) e acrescentar os finais correspondentes.
Por que entender verbos regulares importa?
- Eles formam a base da maior parte da conversação cotidiana.
- Com eles você consegue conjugar centenas de verbos seguindo um mesmo padrão.
- Saber diferenciá‑los facilita a aprendizagem de verbos irregulares — porque você reconhece onde a mudança acontece.
Conjugação básica: padrões por grupo
A regra prática: retire a terminação do infinitivo e acrescente as desinências do tempo e da pessoa. Abaixo, os padrões mais úteis (presente do indicativo e pretérito perfeito simples), com verbos exemplos.
Verbos em -ar (ex.: falar)
- Presente: eu falo, tu falas, ele/ela fala, nós falamos, vós falais, eles/elas falam
- Pretérito perfeito: eu falei, tu falaste, ele/ela falou, nós falamos, vós falastes, eles/elas falaram
Verbos em -er (ex.: comer)
- Presente: eu como, tu comes, ele/ela come, nós comemos, vós comeis, eles/elas comem
- Pretérito perfeito: eu comi, tu comeste, ele/ela comeu, nós comemos, vós comestes, eles/elas comeram
Verbos em -ir (ex.: partir)
- Presente: eu parto, tu partes, ele/ela parte, nós partimos, vós partis, eles/elas partem
- Pretérito perfeito: eu parti, tu partiste, ele/ela partiu, nós partimos, vós partistes, eles/elas partiram
Observação prática: regularidade versus alterações ortográficas
Alguns verbos são considerados regulares porque não alteram a raiz, mas sofrem mudanças ortográficas para preservar a pronúncia (por exemplo, pagar → paguei; exige ‘u’ em “paguei/pague” em algumas formas). Isso não os torna irregulares em termos morfológicos — apenas há adaptações ortográficas. É importante conhecê‑las, mas não confundir com irregularidade de paradigma (como em ser, ir, ter).
Diferença rápida: verbos regulares x irregulares
- Regulares: seguem o padrão de desinências do seu grupo (-ar, -er, -ir) sem mudança de raiz (ex.: falar, comer, partir).
- Irregulares: alteram a raiz ou apresentam formas próprias em vários tempos (ex.: ser → sou, fui; ir → vou, fui; ter → tenho, tive).
Dicas práticas para aprender e fixar verbos regulares
- Comece pelos verbos mais usados: falar, comer, partir, trabalhar, aprender, decidir.
- Pratique o método da substituição: escreva uma frase com um verbo que você domina e substitua pelo verbo alvo, mantendo a conjugação.
- Faça listas por terminação (-ar, -er, -ir) e conjugue 5 verbos por dia no presente e no pretérito perfeito.
- Use frases completas, não só formas isoladas — o contexto ajuda a memorização.
- Escute e repita: ouvir nativos e repetir as formas consolida a pronúncia e a ortografia.
Erros comuns e como evitá‑los
- Confundir tempo: misturar presente com pretérito (ex.: “eu vou ontem” em vez de “eu fui ontem”). Verifique sempre o advérbio de tempo na frase.
- Esquecer as desinências de número e pessoa: pratique a conjugação completa, não só a 1ª pessoa.
- Tratar oscilações ortográficas como irregularidade: saiba quando a mudança é apenas para manter som (ex.: pagar → paguei) e quando é alteração real de raiz.
Exercícios práticos (faça agora)
- Escolha 3 verbos regulares (-ar, -er, -ir). Conjugue cada um no presente, pretérito perfeito e futuro do presente.
- Escreva 6 frases: 2 com cada verbo, usando contextos diferentes (uma no passado e outra no futuro).
- Substituição: pegue uma frase sua antiga e troque o verbo por outro regular, ajustando a desinência corretamente.
Minha experiência aplicando essas técnicas
Quando comecei a dar aulas, apliquei esse método com alunos tímidos: primeiro, 10 minutos diários de conjugação em voz alta; depois, escrita de frases reais; por fim, conversação curta com os mesmos verbos. Em poucas semanas, a fluidez aumentou e o medo de errar diminuiu. Aprendi que repetição dirigida + contexto real é a fórmula que mais funciona.
FAQ rápido
1. Todos os verbos terminados em -ar, -er e -ir são regulares?
Não. Muitos seguem o padrão, mas há verbos que apresentam irregularidades na raiz (ex.: ser, ir, ter).
2. Verbos com alterações ortográficas são irregulares?
Na maioria dos casos, não. As alterações ortográficas (para manter som) não configuram mudança de paradigma, apenas adaptação na escrita.
3. Qual tempo devo priorizar ao estudar?
Comece pelo presente e pelo pretérito perfeito — são os mais usados na comunicação diária.
Conclusão
Verbos regulares são a base para construir frases corretas e expressar ações com segurança. Compreender o padrão (-ar, -er, -ir), praticar com verbos frequentes e aplicar exercícios de contexto é o caminho mais rápido para a fluência. Lembre-se: consistência diária e contexto real transformam conhecimento em habilidade.
E você, qual foi sua maior dificuldade com verbos regulares? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!
Referências
- Academia Brasileira de Letras — Gramática e consulta
- Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
- Ciberdúvidas da Língua Portuguesa